segunda-feira, 26 de abril de 2010


Quando dizer NÃO! Eis a questão...

Não é uma tarefa fácil cuidar de uma criança pequena, orientar seu crescimento. E quando dizer não aos nossos filhos é uma questão sobre a qual muitos de nós, mães e pais se debatem constantemente.
Os limites são necessários, mas como e quando colocá-los?
Sobre essa questão é bom que levemos em consideração o fator idade, desenvolvimento. Ora, uma criança de 1 ano de idade não poderia entender um NÃO assim como uma de 3 anos, por exemplo. Precisamos ficar atentos ao período de desenvolvimento em que nosso filho se encontra.
As crianças não nascem sabendo o que podem e o que não podem fazer, com certeza. Mas muitas vezes alguns pais lidam com elas como se soubessem disso desde sempre, sem que tenham sido ensinadas.
Vamos pensar esta questão, tendo em vista as crianças pequenas e seu primeiro contato com as interdições.
Então, podemos dizer que teríamos três etapas a nos concentrar na introdução dos “NÃOS” na vida dos bebês.
Primeiro, temos uma fase em que os pais assumem toda a responsabilidade sobre as interdições, ou seja, o bebê pequeno não tem instrumentos, nem possibilidades de entender o que pode lhe causar algum mal ou não. E no seu desenvolvimento rápido vem o intento de descobrir o mundo, pela boca, pelas mãos... é como se o mundo inteiro fosse uma grande novidade a ser descoberta, e ele bebê, o explorador. Não há NÃO nesta primeira etapa, só a interdição física.
Assim, nesse momento é importante que a criança tenha a possibilidade de explorar, conhecer o mundo e o que tem a sua volta, ela precisa se desenvolver, e ter também um adulto atento que possa livrá-la dos perigos iminentes. Não adiantará de nada ter uma briga homérica com uma criança de 1 ano porque ela derramou todo o saco de arroz que estava na sacola, no chão.
Você é que deveria ter tirado este saco dali, certo!? Você tem instrumentos para isso, ela não.
Ele precisa explorar o mundo, dê-lhe situações ou objetos que lhe propiciem isto. E a princípio, você não limita um bebê para que ele lide com o que é certo ou errado do ponto de vista moral, mas simplesmente porque tem algumas atitudes que ele precisa ir aos poucos entendendo que são perigosas. Para bebês pequenos os “NÃOS” maternos devem se basear na idéia de perigos concretos.
Aos poucos, você percebe na criança uma crescente capacidade de compreender as coisas. Então temos a segunda etapa, onde você já pode se impor e mostrar a criança sua visão de mundo, ela já começa a ter capacidade de absorver algumas coisas. Aí sim, começa a aparecer literalmente o NÃO como palavra, linguagem entendida. Você pode dizer “NÃOS” seguros a ela, e ela tem capacidade de entender que aquilo É uma interdição, e que ali ela precisa parar por algum motivo, ainda que não tenha um entendimento real sobre os motivos.
Segue-se, a terceira etapa que é aquela que se apresenta como a fase da explicação. Podemos, aqui partir para a conversação, os pais aqui podem explicar a criança o motivo das interdições, é ela já começa a desenvolver a capacidade de entendê-las.
Assim vai se dando o desenvolvimento desses primeiros momentos do entendimento da interdição.
Entretanto, não podemos nunca esquecer do fato de que as crianças são muito diferentes umas das outras, as fases ocorrem nessa seqüência, mas é preciso que a mãe possa observar o desenvolvimento de SEU filho, e assim estar pronta para a adaptação às necessidades de sua criança.
Muitas vezes ocorre que mães que não se encontram em momentos tranqüilos e felizes de suas vidas possam, em função do seu momento, estar propensas a exagerar o lado carinhoso do trato, sendo permissivas demais, ou ainda dizer NÃO apenas porque estão irritadas.
É muito importante que na imposição de limites, a mãe os tenha bem claros para si mesma, tanto os limites, quanto os motivos pelos quais os está impondo.
Se os próprios pais estiverem muito confusos quanto ao que permitiriam ou não, como a criança poderá ter clareza sobre isso?

quinta-feira, 8 de abril de 2010


DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A PSICOLOGIA E AS NEUROCIÊNCIAS

Nos interessa falar e pensar o desenvolvimento infantil. Nos dias de hoje, interessa muito mais aos pais que em tempos passados.
Muito se fala sobre a importância dos 6 ou 7 primeiros anos de vida, quanto a estruturação da personalidade e do pensamento. E no que temos de estudos e avanços nesta área até os dias atuais, esta afirmação de fato se confirma.
Os primeiros 6 ou 7 anos de vida são muito importantes mesmo na estruturação psíquica. Isto não significa que o que acontecer até esta etapa do desenvolvimento está fadado a permanecer da mesma maneira para o resto da vida, claro que não, podemos mudar e evoluir sempre, se houver desejo.
Mas significar dizer e pensar que o que é vivido neste período marca profundamente a estruturação psíquica do ser humano, e define nossos posicionamentos frente ao mundo, ao menos no que diz respeito, a uma certa tendência de comportamento.
Isso se aplica não somente pelos estudos na área da psicologia e da psicanálise, mas é confirmado pelos últimos achados na área das neurociências, que nos dizem que aquelas tendências genéticas de comportamento serão ou não realizadas de acordo com as experiências que vivenciarmos no ambiente em que estamos inseridos, e ainda, para complementar, que somos agraciados pela possibilidade da neuroplasticidade, que se define por ser uma forma de rearranjo nas sinapses cerebrais (corrente elétrica cerebral) que poderia nos trazer mudanças de comportamento tanto no aspecto físico, quanto psíquico e cognitivo, com as tentativas e repetições em prol de uma nova realidade.
Bem, isso significa dizer que as ciências que tratam da subjetividade – as psi, e aquelas que tratam da dimensão objetiva, diga-se física, enfim chegam a um ponto de encontro. Aquilo que era afirmado pelas psicologias e psicanálise a mais de um século – que a personalidade e os comportamentos eram definidos nestas primeiras fases de vida do indivíduo, acaba por ser corroborado pelas neurociências hoje. Ora se uma pessoa nasce com o cérebro em parte acabado, mas seu maior crescimento e desenvolvimento se dá até 7 anos de idade (90%), o que se completaria até por volta dos 12 anos, podemos concluir que as experiências vividas pela criança neste período além de marcá-la emocionalmente, marcam seu cérebro, de forma a produzirem certos tipos de respostas (sinapses cerebrais) para ações do mundo com relação a ela.
Isso equivale a dizer que de fato ela se estrutura nessa faixa etária.
Então temos que, as mudanças de comportamento são bastante complexas, pois envolvem uma forma de SER marcada nos tecidos, no corpo... e no coração. Por assim dizer.
E sendo assim, considero importante que nós – pais e ainda profissionais que trabalham com crianças, possamos ter acesso a estes conhecimentos para entender um pouco mais como se dá a formação dos comportamentos de nossas crianças, e para que possamos também ter a paciência necessária, e o empenho fundamental na formação e nas mudanças que consideramos poder trazer mais aproveitamento e felicidade para vida dos nossos filhos.
Se tiverem dúvidas a respeito deste artigo, ou ainda acharem pertinente que este assunto seja desenvolvido de forma mais extensa em outros artigos, entrem em contato.